Repórter: Arnaldo Santtos
Repórter Fotográfico: Arnaldo Santtos e Joyce Marques
Em alusão ao Agosto Lilás, mês dedicado à mobilização nacional para o enfrentamento da violência contra a mulher, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) realizou, nesta quarta-feira (21), uma Roda de Conversa. O evento foi realizado no auditório do Núcleo de Educação Permanente (NEP) da Central Maceió do Samu.
O ponto principal da campanha deste ano é “Feminicídio Zero – Nenhuma violência contra a mulher deve ser tolerada”. Perceber uma situação de violência contra a mulher, enfrentá-la e interrompê-la para que não chegue a um feminicídio, ato de violência extrema baseada em gênero. Essa é a mensagem principal da campanha “Feminicídio Zero – Nenhuma violência contra a mulher deve ser tolerada”, lançada no último 7 de agosto pelo Ministério das Mulheres.
Na Roda de Conversa que reuniu servidores de diversas áreas do Samu foi enfatizada a urgência em combater todas as formas de violência de gênero, especialmente o feminicídio. Isso porque, o problema tem crescido intensamente em todo o país.
No evento, a coordenadora do Samu Maceió, a enfermeira Beatriz Santana, destacou a relevância de iniciativas para sensibilizar os servidores e a sociedade e capacitar os profissionais envolvidos. “Precisamos unir forças para enfrentar essa realidade. O feminicídio é o extremo da violência contra a mulher, e é nosso dever agir para impedir que mais vidas sejam perdidas”, afirmou Beatriz, reforçando a necessidade de um compromisso contínuo de toda a rede de proteção.
Thaylise Nunes, gerente da Rede de Atenção às Violências (RAV) e a equipe, trouxeram dados alarmantes sobre o aumento dos casos de feminicídio no último ano. Ela ressaltou a importância de políticas públicas eficazes e da integração entre os serviços de assistência. “Não podemos mais tolerar o silêncio diante da violência. É essencial que os profissionais da saúde, especialmente do Samu, da segurança pública e da assistência social estejam preparados para identificar e intervir nesses casos de forma rápida e eficiente”, destacou Thaylise.
A roda de conversa também contou com a participação de diversos profissionais que discutiram e realizaram diversas perguntas sobre o tema, especialmente como agir diante de uma caso para atender, adequadamente, às mulheres vítimas de violência. Entre os temas discutidos, estiveram a importância do acolhimento humanizado, o fortalecimento das redes de apoio e o papel da educação na prevenção da violência.
A campanha Agosto Lilás tem se consolidado como um marco anual de conscientização e mobilização social, lembrando que o enfrentamento à violência contra as mulheres deve ser uma prioridade permanente. Com a mensagem “Feminicídio Zero”, o evento deste ano buscou não só conscientizar, mas também mobilizar ações concretas para garantir que mais mulheres possam viver sem medo e em segurança.
Para a técnica de enfermagem do Samu e também policial reformada, Maure Rocha, as discussões sobre violência contra a mulher foram excelentes, porque foram esclarecidas dúvidas de como e quando proceder em um caso de violência. “As palestras foram excelentes. Parabéns a todos que organizaram o evento”, acrescentou.
Lei Maria da Penha
Na Roda de Conversa foi discutida a história da Lei Maria da Penha, que é Símbolo de Luta Contra a Violência Doméstica. Maria da Penha Maia Fernandes, cearense e biofarmacêutica, se tornou símbolo de resistência e luta contra a violência doméstica no Brasil. Em 1983, ela sofreu duas tentativas de assassinato por parte de seu então marido, que a deixou paraplégica ao disparar contra suas costas enquanto ela dormia.
Após sobreviver a uma segunda tentativa de assassinato, desta vez por eletrocussão e afogamento, Maria da Penha decidiu lutar por justiça. Contudo, seu agressor só foi condenado após 19 anos de batalha judicial, revelando a impunidade existente no país.
Esse caso impulsionou a criação da Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006. A lei trouxe medidas de proteção às mulheres em situação de violência doméstica, incluindo o afastamento imediato do agressor.
Em 2023, a Lei 14.550 fortaleceu ainda mais a proteção, ampliando mecanismos de defesa e punição aos agressores. Maria da Penha, com sua coragem e persistência, transformou sua dor em um marco legal que inspira e protege milhões de mulheres brasileiras. Sua história reflete a importância da luta por justiça e igualdade de direitos.
As denúncias de violência podem ser registradas pelo telefone nacional Central de Atendimento à mulher 180, Rede de Atenção às Violências (RAVS) da Secretaria de estado da Saúde 3315-1393 / 98882-9725, Hospital da Mulher 3315-1355 / 98882-9765, Patrulha Maria da Penha 98733-9112, Delegacia de defesa da Mulher 3315-4976.